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Críticos da Arte

Doralice estudou outros artistas, pesquisou diversos traços na história da arte, empreendeu novas técnicas em seus quadros e procurou olhares críticos para o aperfeiçoamento da sua arte.

"Um instigante e novo mundo é o tema principal da arte de Doralice Zanetti de Oliveira. Seus personagens pertencem à mais diversificada vida animal de qualquer outro ecossistema. Doralice consegue colocar um pouco dessa diversidade de vida em suas telas, com um toque de criatividade. Acontece que a pintora coloca a mente do observador num ambiente que está a mercê do lúdico. "
Aurélio Benitez, 1996
Jornalista e Crítico de Arte

“É, sem dúvida, uma artista na qual percebemos um trabalho em sólida evolução, e em quem a aguçada sensibilidade e constante dedicação farão, com certeza, atingir os objetivos almejados.”

cristina petry, 1990

“La delicatezza delle forme e la brillantezza dei colori, creano una efficace visione dell’arte Brasiliana, espressa con talento e ricercatezza psicologica, che porta a compenetrare lo stile di vita delle persone in esse raffigurate.”

Opera Romana Pellegrinaggi
Palazzo del Vicariato, 1998

"A temática da exposição "Fundo de Mar" advém da lembrança de um passeio que a artista fez ao norte da Austrália, onde, a bordo de um submarino, excursionou pelo fundo do mar. Doralice observou a riqueza da fauna e da flora submarinas, ricas em formas e cores. E, com a sensibilidade que lhe é peculiar, transformou aqueles estímulos em obras de arte. Entrar na Sala da Artista, onde se realiza a exposição, é experimentar um momento de beleza e sensibilidade: em tons suabilíssimos, Doralice obteve uma textura aveludada. A delicadeza que se depreende das obras é acentuada pelos contornos em branco e pelo recurso de mesclar a aquarela com outras técnicas, tais como pastel e máscara. Sua obra, neste momento, atinge um entusiasmo e uma “joie de vivre” que conquistaram pelo bom gosto e delicadeza."
Souto Neto
Jornalista

“Basta uma rápida memorização daquele local maravilhoso, visitado em uma viagem qualquer, um lampejo que seja que seja daquele instante ou imagem que marcou uma passagem de nossa vida. Na sequência do processo criativo e, sem perder tempo, aproveitando aquele raro momento de inspiração, deve-se dar vazão, na real concepção de unidade de tempo, às pinceladas irreverentes, em várias técnicas, e no mais puro estilo contemporâneo de arte, fazendo surgir aos nossos olhos perplexos, obras com muita abstração, plasticidade e poder de interpretação. Isso tudo é uma pequena parte do universo da artista plástica Doralice Zanetti. A artista não nega sua formação acadêmica mas se encanta ao dizer e cantar a liberdade de se criar no contemporâneo e na força do abstrato.”

curitiba art, 1997

maria cecília araújo de noronha

professora de história da arte e estética da puc/pr e diretora do museu de arte do paraná

2001

      O século XX, desde as suas primeiras décadas, em especial a partir da Segunda Guerra Mundial, promove uma destruição definitiva e irreversível da representação figurativa, da aparência daquilo que o olho nos mostra como realidade. A arte passa a ser representada por meio de formas, cores, gestos ou apenas idéias, materializadas ou não.
      A pluralidade dos meios de expressão, a liberdade no tratamento do objeto estético e a desmaterialização da obra de arte conduzem o homem e consequentemente a arte para o seu futuro. Sem impedir o fluxo da história, é preciso entender que as descobertas e as invenções são cumulativas e servem de background para outras criações e novos inventos. Assim, a arte e os artistas sintonizados com os avanços tecnológicos estão sempre a exigir a reavaliação dos conceitos artísticos e, entre eles, os parâmetros utilizados para análise e julgamento da obra de arte. Na arte contemporânea as obras não precisam ser desta ou daquela maneira, não há limites e por isso não há exclusões. À qualidade deixa de ser uma questão de estilos e passa a ser uma questão de obras. Justifica-se, por isso, a afirmação de Ad Reinhardt, já em 1962, de que a arte é arte e o resto não é arte.
     A complexidade em que se transformou o objeto estético trouxe grandes dificuldades para a filosofia da arte e para o observador que precisa mais do que nunca da teoria para compreender o objeto da arte. Segundo Arthur Dantó, na arte do nosso tempo, o objeto artístico está tão imbuído de consciência teórica que a separação entre objeto e sujeito quase desapareceu, pouco importando se a arte é filosofia em ação ou a filosofia é arte em pensamento. E é em decorrência dessas mudanças tão acentuadas que a sensibilidade contemporânea tem aspirado por um tipo de obra de arte que permita a livre interpretação orientada apenas por traços essenciais. Este é o caminho que se abre para a interatividade. A arte interativa reorganiza camadas de sensibilidade, ampliando o campo de percepção em trocas e modos de circulação por intermédio de circuitos de informação.
Interessado em oferecer ao observador vertentes possíveis de análise e compreensão, a artista responde aos estímulos de uma sociedade em constante mutação, colocando o resultado do seu trabalho, da sua idéia, à apreciação.
     Com uma impecável e rigorosa ordem no composição, Doralice Zanetti mostra em suas pinturas recentes a pesquisa realizada, enfatizando o valor da textura como meio de expressão e como arte em si mesma. Textura e cor são os elementos essenciais trabalhados pela artista nas séries apresentadas. Na série vermelha, trabalha simultaneamente a textura, a tinta, a transparência e a consequente saturação da cor, resultando daí composições nas quais o volume e a profundidade criam formas dinâmicas e fortemente expressivas. As associações sinestésicas provocadas pela textura visual atraem o olhar do observador e provocam as mais diferentes sensações. Na série que privilegia o negro sobre o fundo branco, utiliza a textura para provocar alterações de ritmo e tensão de maneira continuada. Nas séries em pequenos formatos, mostra tipos diferentes de textura em cada obra, criando atalhos para a compreensão das formas recorrentes.
     Merecem atenção especial as obras em grandes formatos, nas quais a artista demonstra todo o seu virtuosismo técnico, explorando ao limite a transparência e a luminosidade em trabalhos quase sempre monocromáticos. A sutil inserção de traços que parecem grafismos e que estão a meio caminho entre o deliberado e o caprichoso ou arbitrário, auxilia na criação de diferentes planos e permite associações bastante instigantes na compreensão formal das obras. Impelidas por sua dinâmica interno, em uma constante e renovada interpretação impessoal, essas obras permitem um tipo de contemplação criativa, graças a qual permanecem forçosamente atuais e contemporâneas e ainda adquirem, com seu monocromatismo e simbologia específicos, um caráter real no sentido de sustentar uma identidade própria e autônoma. 

     Acompanha há mais de dez anos as exaustivas pesquisas que vêm sendo realizadas pela artista, com vistas a um desenvolvimento técnico/ formal que lhe permitiram transformar as suas propostas em composições de grande importância estética. O conjunto das obras de Doralice Zanetti é o resultado de um processo criativo, absolutamente correto e que coloca a artista em sintonia com o seu tempo, permitindo uma multiplicidade de interpretações, tanto no campo da análise estético/formal, quanto no das sensações e emoções.

SUZANA LOBO

artista plástica, 2006

“A arte é imprescindível para a compreensão da História. Serve de referência para o estudo de uma época, pois nos fala das idéias e ideais das culturas em determinado período.
Ainda sendo vista por muitos como incompreensível, a arte contemporânea reflete o espírito de nosso tempo: pluralista, sem linhas ou movimentos bem definidos e com inúmeras tendências e linguagens.
Para o filósofo Adauto Novaes, ‘’a visibilidade não depende apenas do objeto nem do sujeito que o vê, mas comporta o trabalho da reflexão, no qual cada visível guarda uma dobra invisível, que é preciso desvendar a cada instante, a cada momento”.
Se nos contentarmos com o olhar primeiro, talvez não consigamos perceber a riqueza de uma textura, de uma transparência, e com certeza não ouviremos a música, como sugere Kandinski. É através da textura que Doralice Zanetti elabora sua linguagem.
Valendo-se de recursos criativos, ela não se contenta com pressupostos já aceitos e canaliza sua atividade imaginativa rumo a novos caminhos, desconstruindo a realidade em trabalhos quase abstratos, regidos por atmosfera atemporal, monocromáticos na sua maioria.
Ora velando, ora desvendando, camadas de tinta se sobrepõem, criando formas que, em alguns momentos, sugerem a exuberância da mata atlântica; em outros, deixam vislumbrar as grandes queimadas e o caos que delas advém…
Nas entrelinhas, algo de espiritual é sutilmente transmitido/refletido, enigma que não explicamos: apenas sentimos. Que mais podemos querer?
Segundo Kandinski, devemos desconfiar da razão pura em arte e não tentar compreendê-la seguindo o perigoso processo da lógica: “A arte está subordinada às leis cósmicas, reveladas pela intuição do artista. Ouçam atentamente a música, abram os olhos para a pintura. E… não pensem! Examinem a si mesmos, se quiserem, depois de terem ouvido e depois de terem visto. Perguntem se tal obra os fez “passear” por um mundo antes desconhecido. Se fez, que mais podemos querer?”
Com esse espírito, percorremos os trabalhos de Doralice Zanetti. Sem pensar, deixando nosso olhar penetrar pelas inúmeras transparências, descobrindo sutis diferenças tonais criadas com óleo, acrílica, verniz, pó de ferro. Observando com atenção pequenas contas de vidro que algumas vezes encorpam as texturas, convidando ao tato…
E, aguçando nossa capacidade de percepção, seu ingrediente maior: a emoção.
Que mais podemos querer?
É com um trabalho sério e maduro que Doralice Zanetti se inscreve na atualidade.”

"Doralice Zanetti espone due opere della Serie Bianca, técnica mista su tela. Come in gran parte della sua produzione si avverte, nella più o meno intensa rarefazione, il pulsare delle forme che in questo caso rimandano al mistero del mare. La profundità è ottenuta tecnicamente per sovrimpressioni e con tratti d'olio e di acrilico"
Mons. giangiulio radivo
2014
Palazzo del Laterano, Roma